quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um pouco de filosofia - Será que o Nada alguma vez existiu? (pare, pense, reflita)

Será que o Nada alguma vez existiu?

nada.jpg

Você já parou pra pensar sobre o começo? Que começo?, você diz. Você sabe: “Algo que tenha aparecido: Quem veio primeiro o ovo ou a galinha?”. Ou qualquer coisa que era, que esteve aqui primeiro, no mais remoto momento de todos os tempos. Você já parou pra pensar sobre isso?

Espere aí, você diz, existe a possibilidade de que no começo não houvesse nada? Seria possível que, há zilhões de anos atrás, não houvesse Nada Absoluto?

É uma teoria a ser considerada. Vamos considerá-la primeiro através de uma ilustração.

Imagine que você tem um quarto muito grande. Ele está completamente isolado de tudo e é quase do tamanho de um campo de futebol. O quarto está trancado permanentemente; não tem portas nem janelas e nenhum buraco em suas paredes.

Dentro do quarto não há nada. Um “Nada Absoluto”. Nenhuma partícula sequer. Não há ar. Não há poeira. Não há luz. É um quarto selado cujo interior está na total escuridão.

Bem, você pensa: e se eu tentar criar uma fagulha dentro do quarto? Então haveria luz nele por um rápido momento e isso já transformaria o Nada Absoluto em alguma coisa. Sim, mas você está fora do quarto. Então, isso não seria possível.

Então você diz: E se eu tentar teletransportar algo para dentro do quarto, como faziam naquele desenho animado os “Jedsons” ou no “Jornada nas Estrelas”? Mais uma vez, isso não seria possível, porque você estaria usando coisas que estão do lado de fora do quarto.

Aqui está novamente o dilema: você deve colocar alguma coisa dentro do quarto usando somente o que está dentro do quarto. Só que, nesse caso, dentro do quarto não há nada.

Bem, você diz: talvez uma pequenina partícula, em algum tempo, possa surgir dentro do quarto.

Existem três problemas com essa teoria: Primeiro, o tempo por si só não faznada. As coisas acontecem no decorrer do tempo, mas não é o tempo com que faz elas aconteçam. Por exemplo, só esperar 15 minutos para assar biscoitos não vai dar em nada… Não são os 15 minutos que irão assá-los e sim o calor do forno. Se você deixar os biscoitos sobre o balcão por 15 minutos, eles não irão assar sozinhos.

Na nossa ilustração, temos um quarto completamente isolado com o Nada Absoluto dentro. Esperar quinze minutos não irá mudar, de maneira nenhuma, a situação. Bem, você diz: e se esperarmos longos períodos de tempo? Um longo período de tempo é simplesmente um amontoado de segmentos de 15 minutos colocados juntos. Se você esperasse por um longo período de tempo com seus biscoitos em cima do balcão, iria o tempo assá-los?

O segundo problema é este: Por que algo iria simplesmente “surgir”? É necessária uma razão para isso acontecer. Já que só existe o Nada Absoluto dentro do quarto, o que impediria que tudo continue como está: no nada? Sabe-se que não existe nada que faça as coisas surgirem sem razões, visto que as “razões” têm de vir do interior do quarto.

Bem, você diz: será que uma minúscula partícula não teria mais chances de se materializar do que algo grande como uma bola de futebol?

Isso revela o terceiro problema: tamanho. Assim como o tempo, tamanho é algo abstrato e relativo. Imagine que temos três bolas de futebol, variando de tamanho. Uma tem 3m de diâmetro, outra tem 1m e outra é do tamanho normal. Qual delas é mais provável de aparecer dentro do quarto? A bola de tamanho normal? Não! Seria a mesma probabilidade para todas as três. O tamanho não importa. A questão não é o tamanho. A questão é: podealguma bola de baseball de qualquer tamanho simplesmente “aparecer” dentro do nosso quarto selado e vazio? Se você acha que nem a menor delas poderia simplesmente aparecer dentro do quarto, não importa quanto tempo passasse, então você pode concluir que o mesmo vale para um átomo. Tamanho não é a questão. A probabilidade de uma partícula minúscula surgir sem motivo algum não é diferente de uma geladeira se materializar sem causa alguma!

Agora vamos esticar, literalmente, a nossa ilustração adiante. Vamos pegar o nosso grande quarto escuro e tirar suas paredes do lugar. Vamos ampliar o quarto em todas as direções infinitamente. Agora, não existe nada do lado de fora do quarto, porque o quarto é tudo o que existe. Ponto final.

Nesse quarto grande e infinito não há luz, não há poeira, não há partículas de nenhum tipo, não há ar, não há elementos, não há moléculas; ele é o Nada Absoluto. De fato, podemos chamá-lo de Nada Absoluto.

Mais uma pergunta: Se realmente, há trilhões de anos atrás existisse o Nada Absoluto, não existiria hoje também o Nada Absoluto?

A resposta é sim, visto que qualquer coisa – não importa quão pequena – não pode surgir sem razões do Nada Absoluto.

O que isso nos diz? Resposta: O Nada Absoluto nunca existiu. Por quê? Porque se o Nada Absoluto alguma vez existiu, ainda hoje existiria!

Se o Nada Absoluto tivesse existido não haveria nada além dele que causasse a existência das coisas.

Novamente, se o Nada Absoluto nunca existiu, ainda existiria.

Porém, alguma coisa existe. Na verdade, muitas coisas existem. Você, por exemplo, é algo que existe, algo de muita importância. Por essa razão, você é prova de que o Nada Absoluto nunca existiu.

Agora, se o Nada Absoluto nunca existiu, isso significa que sempre houve um tempo em que pelo menos Alguma Coisa sempre existiu. O que seria esse “Alguma Coisa”?

Seria uma coisa ou várias coisas? Seria um átomo? Uma partícula? Uma molécula? Uma bola de futebol? Uma bola de futebol mutante? Uma geladeira? Alguns biscoitos?

Para descobrir, continue lendo o artigo Alguma Coisa.

Alguma Coisa

alguma coisa.jpg [continuação do artigo "Será que o Nada alguma vez existiu?"]

Se em algum momento existiu o Nada Absoluto, ainda existiria o Nada Absoluto hoje. Desde que existe alguma coisa (você, por exemplo) isso significa que o Nada Absoluto nunca existiu. Se tivesse existido, você não estaria aqui lendo este artigo agora. O Nada Absoluto ainda estaria aqui.

Então nunca houve um tempo onde o Nada Absoluto existiu. Por isso, conseqüentemente, sempre existiu alguma coisa. Mas o quê? Se voltarmos ao começo de tudo, qual seria essa coisa que teria sempre existido? Seria mais do que só Alguma Coisa, ou apenas uma? E, julgando-se pelo o que existe hoje, com que se pareceria?

Vamos explorar a questão da quantidade primeiro. Pensemos novamente sobre o nosso selado, escuro e enorme quarto. Imagine que existem dez bolas de futebol dentro do quarto. Seja o quanto volte no tempo, há somente isto: dez bolas de futebol.

O que vai acontecer depois? Vamos dizer que esperemos um ano inteiro. O que há dentro do quarto? Dez bolas de futebol ainda, certo? Porque a existência de algo em si não gera nada. E nós sabemos que dez bolas de futebol comuns – não importa quanto tempo passe – não poderão gerar outras novas ou qualquer outra coisa neste caso.

Certo, e se houvesse seis bolas de futebol dentro do quarto no começo de tudo? Isso mudaria a situação? Não, não mudaria. Certo, então, e se houvesse um milhão de bolas de futebol? Ainda não mudaria. Tudo o que temos dentro do quarto são bolas de futebol, não importa quantas.

O que descobrimos é que quantidade não é a questão. Se voltarmos aonde tudo começou, a quantidade da Alguma Coisa que deve ter sempre existido não é o que importa, ou é?

Retire as bolas de futebol. Agora dentro do quarto há um pintinho. Vamos esperar um ano. O que há dentro do quarto? Somente um pintinho, certo? Mas e se tentarmos colocar uma galinha e um galo lá? Esperamos mais um ano agora… O que iremos ter? Uma porção de pintinhos!

Então quantidade é importante, SE no quarto estiverem pelo menos duas coisas que podem produzir uma terceira coisa: Galo + galinha = pintinho. Lembremos, porém, quantidade não é importante se estamos falando de pelo menos duas coisas que não são capazes de produzir uma terceira coisa: bola de futebol + bola de futebol = nada.

Então, o que realmente importa não é a quantidade, mas sim a qualidade. Que qualidade essa Alguma Coisa possui? Pode ela trazer outras coisas à existência?

Vamos voltar aos nossos pintinhos, mas sejamos muito precisos, visto que a situação seria a mesma onde tudo começou. Temos um galo e uma galinha no quarto. Eles estão em partes diferentes do quarto, suspensos no nada. Poderiam eles gerar pintinhos?

Não poderiam. Por quê? Porque não existe um meio ambiente com o qual possam interagir. Não há mais nada no quarto a não ser o galo e a galinha. Não existe ar para respirar ou para voar, não existe chão para andar, não existe nada que os sustenha para viver. Eles não podem comer, andar, voar ou respirar. O seu meio ambiente é o completo nada.

Então, os pintinhos estão “fora” da jogada. Pintinhos não podem existir ou se reproduzir sem que haja algum tipo de meio ambiente. Em um meio ambiente eles poderiam gerar outros pintinhos. E em um ambiente que os afetasse, talvez eles pudessem com o tempo, se transformar em algum outro tipo de galinha. Alguma coisa parecida com uma lontra ou uma girafa.

Então temos um quarto sem meio ambiente. Por essa razão, precisamos de Alguma Coisa que possa existir sem um meio ambiente. Alguma Coisa que não precise de ar, comida ou água para existir. Isso desqualifica toda criatura viva deste planeta.

Bem, então quanto às coisas não-vivas? Elas não precisam de um meio ambiente, é verdade. Mas então voltamos ao mesmo estado de quando tínhamos as bolas de futebol. Coisas não-vivas não produzem nada. Vamos dizer que, ao invés de bolas de futebol, temos um trilhão de moléculas de hidrogênio. Então o que acontece? O tempo passará e ainda teremos um trilhão de moléculas de hidrogênio, nada mais.

Enquanto falamos sobre a questão de coisas não-vivas, vamos também considerar o que é preciso para que elas existam. Você já ouviu falar do “Supercollider”? Anos atrás o governo americano embarcou num experimento para criar matéria. O “Supercollider” (ou Super Colisão) era um túnel subterrâneo de quilômetros e quilômetros de comprimento que eram percorridos por átomos a uma velocidade supersônica e então colidiam uns com os outros, com o objetivo de criar uma partícula minúscula. Tudo isso pelo menor pedaço de matéria…

Isso nos mostra que a nossa ilustração com as bolas de futebol não é tão simples quanto parece. Seria necessária uma quantidade de energia ABSURDA para produzir uma bola a partir do nada. E nada é tudo o que temos. E, no quarto, como vimos, há o Nada Absoluto.

Então esta é a nossa situação: A “Alguma Coisa” que existiu no começo deve ser capaz de existir sem depender de mais nada. Deve ser totalmente auto-suficiente. Porque estava sozinha no começo de tudo e não precisava de nenhum meio ambiente para existir.

Em segundo lugar, a “Alguma Coisa” que existiu desde o começo deve ser capaz de produzir outra coisa além de si mesma. Porque, se não pudesse, então essa “Alguma Coisa” seria tudo o que existe hoje. Porém, existem outras coisas hoje. Você, por exemplo.

Em terceiro lugar, para que se faça Outra Coisa – do nada – se requer uma incrível quantidade de energia. Então, essa “Alguma Coisa” deve ter uma grande fonte de energia à sua disposição. Se para se formar uma pequena partícula são necessários milhares e milhares de quilômetros de partículas em colisão (e, como sabemos, o resultado foi nulo) então, que tamanha quantidade de energia não seria necessária para formar tudo o que há!

Vamos voltar ao nosso quarto. Imagine que temos uma bola de futebol muito especial dentro do quarto. Ela pode reproduzir outras bolas de futebol. Ela possui todo aquele poder e energia. É completamente auto-suficiente não precisando de nada além dela para existir, porque ela é tudo o que existe. Essa bola de futebol é Alguma Coisa Eterna.

Vamos imaginar que a bola de futebol produz uma outra bola de futebol. Qual delas será a maior, digo, com respeito ao TEMPO? Bola 1. Ela é a Alguma Coisa Eterna. Ela sempre existiu. Bola 2, porém, veio a existir quando produzida por Bola 1. Então uma bola é finita levando em consideração o tempo, a outra é infinita.

Qual das duas será maior considerando o poder? Novamente, Bola 1. Ela foi capaz de produzir a Bola 2 do nada – o que também significa que ela tem o poder de desfazer (destruir) Bola 2. Então Bola1 é muito mais poderosa que Bola 2. De fato, em todo o tempo, Bola 2 deverá depender de Bola 1 para sua própria existência.

Mas, você diz: e se Bola 1 compartilhar um pouco do seu poder com Bola 2 – poder suficiente para destruir Bola 1? Então Bola 2 seria a mais poderosa, porque Bola 1 deixaria de ser, certo?

Existe um problema nessa possibilidade. Se Bola 1 compartilhasse um pouco do seu poder com Bola 2, esse poder ainda seria o poder da Bola 1. A pergunta então seria: Poderia Bola 1 usar o seu próprio poder para destruir a si mesma? Não. Porque para usar seu próprio poder, Bola 1 tem de existir.

E além do mais, Bola 1 é tão poderosa que qualquer coisa que puder ser feita, só pode vir a existir por intermédio dela. Mas não é possível para Bola 1 deixar de existir, e, por isso, não pode destruir a si mesma.

Bola 1 não pode se desintegrar, porque, em primeiro lugar, nunca foi criada. Bola 1 sempre existiu. Ela é a Alguma Coisa Eterna. Assim como é a existência. É vida, vida infinita. Para Bola 1 ser destruída seria preciso algo mais poderoso. Mas nada é mais poderoso que Bola 1, nem nunca poderá ser. Ela não precisa de mais nada além dela mesma para existir. Por essa razão, não pode ser transformada por nenhuma força externa. Ela não pode acabar, porque não teve começo.

Ela é o que é e nada pode mudar isso. Não pode deixar de ser, porque SER é a sua própria natureza. Nesse sentido, ela é intocável.

O que vemos com isso: a Alguma Coisa no começo de tudo sempre será soberana em relação à Outra Coisa que ela produzir.

A Alguma Coisa existe por si só. A Outra Coisa, porém precisa de Alguma Coisa para existir. É, portanto, inferior a Alguma Coisa, e sempre será assim, porque a Alguma Coisa Eterna não precisa de nada.

A Alguma Coisa é capaz de produzir Outra Coisa que seja semelhante a ela em alguns aspectos, mas – não importa o quê – Outra Coisa será sempre diferente dela em outros aspectos. A Alguma Coisa Eterna sempre será soberana considerando o tempo e o poder. Desta forma, Alguma Coisa Eterna não pode produzir um exemplar igual a ela mesma. Ela sozinha, sempre existiu. E sozinha pode existir independente de outras coisas.

Quer explorar mais sobre a Alguma Coisa Eterna? Leia o artigo Quem.

Quem

quem.jpg [continuação do artigo "Alguma coisa" ]

Existe Alguma Coisa Eterna. Alguma Coisa sempre existiu. Alguma Coisa não tem começo. Se essa Coisa tem alguma necessidade, ela mesma pode suprir. Nada mais é necessário para que ela exista. E esta não pode produzir outro ser igual ou mais poderoso. Qualquer coisa que produza não será eterna. Por essa razão, a Alguma Coisa Eterna não pode produzir outra Alguma Coisa Eterna. Ela sempre será soberana a qualquer outra coisa que existir.

Agora poderia a Alguma Coisa Eterna ser mais de uma? Possivelmente. Vamos imaginar que inicialmente houvesse cinco Coisas Eternas. Se este fosse o caso, porém, todas as cinco seriam exatamente iguais no que diz respeito ao tempo e ao poder. Todas não-criadas, todas eternas, todas capazes de fazer qualquer coisa que seja. Isso mais uma vez nos mostra que qualidade, não quantidade, é o mais importante.

Então, o que sabemos sobre a(s) Coisa(s) Eterna(s)? Ela(s) não está(o) sozinha(s) agora. Porque Outra Coisa existe: você, por exemplo. Agora se pergunte se você é a Alguma Coisa Eterna ou uma delas. Se você o é, então você não tem começo, não existem necessidades que você mesmo não possa suprir e qualquer coisa que possa ser feita só pode vir a ser através de você. É isso o que você é? Se a resposta é não, então você é com certeza uma Outra Coisa, não a Alguma Coisa Eterna ou uma delas.

Vamos voltar ao nosso quarto grande, escuro e vazio. Mas agora imaginemos que um átomo de hidrogênio e um átomo de nitrogênio estão dentro do quarto. Para o bem do próprio argumento, digamos que esses átomos são as Coisas Eternas. Elas sempre existiram. Qualquer coisa que possa ser feita vem a existir por meio delas.

Então, elas decidem produzir Outra Coisa. Pois elas são as únicas coisas que existem no quarto. Mas espere, podem o hidrogênio e o nitrogênio decidir alguma coisa? Bem, para elas serem as Coisas Eternas, elas DEVEM ter a habilidade de tomar uma decisão.

Pense bem. A Alguma Coisa Eterna deve ESCOLHER mudar as coisas. A Alguma Coisa Eterna é eterna; sempre existiu independente de outras coisas. O que é mais importante: ela, sozinha, sempre existiu. O que isso quer dizer? Isso quer dizer que nenhum evento pode acontecer sem a permissão da Alguma Coisa Eterna.

A Alguma Coisa Eterna é tudo o que existe e ponto final. Em conseqüência disso, a única coisa existente que pode acabar com a solidão da Alguma Coisa Eterna é ela mesma. Não pode haver nenhuma outra força externa à Alguma Coisa Eterna porque a Alguma Coisa Eterna é tudo o que há.

Por essa razão, se átomos de hidrogênio nitrogênio são as Algumas Coisas Eternas, nenhuma força externa pode influenciá-las. Elas são tudo o que existe. Elas são as únicas forças que existem.

Como são as únicas coisas existentes, somente elas mesmas podem acabar com a sua própria solidão. Não há nada na existência que possa, por acaso, influenciá-las a produzir Outra Coisa.

Outra Coisa não poderia ser criada por acaso. Por quê? Porque, para isso acontecer, o “acaso” deveria ser mais poderoso que o átomo de hidrogênio e de nitrogênio. Mas os átomos são tudo o que existe. Qualquer coisa que possa ser feita, só ocorre por meio deles. “Acaso” então é a Outra Coisa. E, como vimos, Outra Coisa não pode ser mais poderosa do que a Alguma Coisa Eterna. Na verdade, nesse estágio, o Acaso nem existe.

Se o Acaso é algo externo a Alguma Coisa Eterna, então ele não existe a não ser que tenha sido criado por Alguma Coisa Eterna. Mas mesmo se o Acaso tivesse sido criado pela Alguma Coisa Eterna, o Acaso, sendo Outra Coisa, seria sempre inferior a Alguma Coisa Eterna.

Então, se Outra Coisa é criada, é pelo poder e VONTADE da Alguma Coisa Eterna. Outra Coisa pode ser produzida por Acaso somente se o Acaso for criado antes da Outra Coisa. Mas o Acaso por si só, não pode ser produzido por acaso. Ele teria que ser criado pelo desejo da Alguma Coisa Eterna.

O que isso nos diz sobre nossos átomos de hidrogênio e nitrogênio? Que eles não são meramente Algumas Coisas Eternas, eles são Pessoas Eternas, pois têm vontade própria, ou seja, possuem a habilidade de escolher. Logo, são seres com personalidade própria.

Mas, por que a Alguma Coisa Eterna deve ser assim, com poder de escolha? Pense novamente no quarto escuro com apenas hidrogênio e nitrogênio dentro. Eles são as Coisas Eternas. Eles, sozinhos, existem no quarto, desde a eternidade.

Eles existem totalmente independentes um do outro. Não precisam do outro para sobreviver. Por essa razão, se produzirem Outra Coisa, não é algo de que precisem (como o instinto de sobrevivência que encontramos nos animais). E mais, se as moléculas criarem Outra Coisa, não será por Acaso – a não ser que criem o Acaso primeiro. O Acaso é uma força, mas as Coisas Eternas (os dois átomos) são tudo o que existe.

Além do mais, os átomos não são meras máquinas. Máquinas são construídas e programadas por algum tipo de força externa. Mas eles (as Coisas Eternas) são as únicas coisas que existem. Não existe outra força além deles.

Conseqüentemente, se eles produzirem Outra Coisa dentro do quarto, a razão para essa produção está somente nas mãos deles, pois nenhuma outra força existe. Não existe mais nada no quarto a não ser os átomos.

Eles não são forçados a produzir Outra Coisa por instinto, acaso, necessidade ou pela vontade de uma delas. Nada pode controlá-los. Quaisquer coisas que eles façam, as fazem por razões próprias.

Essa razão só pode ser sua vontade própria. Elas devem escolher criar Outra Coisa, ou nada além irá existir. Permanecerão no quarto, sozinhos para sempre, ao menos que decidam criar Outra Coisa. Eles precisam mais do que poder para criar Outra Coisa. Precisam – em um determinado momento que se diferencia de todos os momentos em que existiram – decidir usar seus poderes para gerar uma Outra Coisa.

Se não tiverem vontade própria (como as bolas de futebol que vimos no estudo anterior), então, o poder que possuem nunca seria usado para criar Outra Coisa. Esse poder seria usado somente para prolongar suas existências. E a solidão deles duraria eternamente.

A Alguma Coisa Eterna tem existido sozinha por toda a eternidade. Deve ter existido uma razão, para que, a Coisa Eterna, quisesse mudar isso. Se Outra Coisa existe, existe por causa da Alguma Coisa Eterna, porque ela mesma, resolveu acabar com sua solidão.

Se a razão da existência da Outra Coisa não está na Alguma Coisa Eterna, então Outra Coisa nunca irá existir. Pois a Alguma Coisa Eterna, em algum momento, foi tudo o que existiu.

Mas sabemos que existem Outras Coisas. Por essa razão, a Alguma Coisa Eterna deve ter a habilidade de usar o seu poder. Deve ter a habilidade de criar Outra Coisa além de si mesma. Visto que, ela tem vontade própria (“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas”. (Apocalipse 4:11)), a Coisa Eterna é pessoal. Isso quer dizer que a Alguma Coisa Eterna na verdade é um Alguém Eterno.

Este Alguém Eterno não é controlado por instinto de sobrevivência, porque não tem necessidades e de modo nenhum pode deixar de existir. E mais, Alguém Eterno não cria nada por Acaso, a não ser que tenha criado o Acaso primeiro. O Acaso é uma força que deve ter sido criada pelo Alguém Eterno, do contrário não existirá. Enfim, o Alguém Eterno não é uma máquina, pois não há ninguém além dele para forçá-lo ou programá-lo para fazer alguma coisa.

Para continuar neste estudo, leia Quem 2.

Quem (parte 2)

quem2.jpg [continuação do artigo "Quem" ]

Esta é a parte final de uma série de artigos que começou com “Será que o Nada alguma vez existiu?”, seguido de “Alguma Coisa“ e então de “Quem“. Os pontos levantados nos artigos anteriores são seguintes:

(1) O Nada Absoluto nunca existiu. Se tivesse, ainda existiria hoje. Mas Outra Coisa existe. Você, por exemplo.

(2) Como o Nada Absoluto nunca existiu, houve sempre um tempo onde sempre existiu Alguma Coisa. Essa alguma coisa chamamos de Alguma Coisa Eterna. Alguma Coisa Eterna não tem começo nem fim, não tem necessidades que ela mesma não possa suprir, pode fazer qualquer coisa que seja possível ser feita e sempre será superior a qualquer coisa que criar.

(3) A Alguma Coisa Eterna não é uma máquina, controlada ou programada por qualquer força além dela mesma. Ela não criará nada desnecessariamente, pois não tem necessidades. Por essa razão, se produz Outra Coisa, precisa tomar essa decisão. Isso quer dizer que a Alguma Coisa Eterna tem vontade própria; conseqüentemente ela é pessoal. Enfim, Alguma Coisa Eterna deve ser Alguém Eterno (ou mais de um).

Continuando, o que podemos dizer sobre o Alguém Eterno, além do que já foi dito? Visto que o Alguém Eterno não tem necessidades que ele mesmo não possa suprir, pode existir sem que precise de um meio ambiente, pois existia quando não havia mais nada a não ser ele mesmo. Qualquer meio ambiente seria algo além dele e por essa razão precisaria ser criado. Mas Ele é tudo o que existe.

É muito provável que o Alguém Eterno seja transcendental; o que significa que ele pode existir fora do tempo e do espaço, pois não é limitado por nenhum deles. Ele tem existido eternamente, portanto fora do tempo. E existe sem a necessidade de um meio ambiente, portanto fora do espaço.

Sendo transcendente ao tempo e espaço, é possível que o que chamamos de Alguém Eterno seja invisível. Somente aquilo que ocupa espaço é visível. Se algo está fora do espaço, como pode ser visto? Assim, é muito provável que Alguém Eterno seja invisível e que possa viver sem a necessidade de qualquer tipo de corpo ou forma.

Para o bem do próprio argumento, vamos imaginar que Alguém Eterno decide criar Outra Coisa – ou melhor, Outro Alguém. Alguém Eterno decide criar Outro Alguém que é semelhante a ele em alguns aspectos. Como ele, o Outro Alguém terá consciência própria, que é algo necessário para se ter vontade própria. Então o Outro Alguém tem uma personalidade e tem vontade própria.

O que mais podemos dizer sobre esse Outro Alguém? Estará Outro Alguém fora do tempo? Não. Outro Alguém não terá existido eternamente. O Outro Alguém terá um começo e, portanto, será limitado pelo tempo.

Lembre-se de que tudo o que Alguém Eterno criar será inferior a ele em relação ao tempo e espaço. Isso não pode ser evitado de maneira nenhuma. Então, mesmo que Outro Alguém fosse viver eternamente no futuro, ainda assim ele teria um começo no tempo. Na verdade, sua linha de tempo cairia sobre a linha (infinita) de tempo de Alguém Eterno.

E quanto ao espaço? Será Outro Alguém limitado pelo espaço? Sim. Somente Alguém Eterno pode viver sem nenhum tipo de meio ambiente. Outro Alguém precisará de um meio ambiente para existir, mas o quê? Pense tanto sobre o espaço quanto sobre o tempo. Outro Alguém existe dentro da linha de tempo de Alguém Eterno. Da mesma forma, Outro Alguém viverá dentro da “linha de espaço” de Alguém Eterno.

O Alguém Eterno transcende ao espaço. Portanto, assim como ele está em todo lugar no tempo, estará em todo lugar no espaço. Então, quando Outro Alguém é criado, ele existirá dentro do tempo e do espaço de Alguém Eterno. Logo, Alguém Eterno é o meio ambiente no qual Outro Alguém irá existir!

Então, temos Alguém Eterno existindo ao redor de Outro Alguém. Mas há um problema: Ele não pode ver Alguém Eterno, porque Alguém Eterno transcende ao espaço e não ocupa espaço nenhum porque ele próprio é todo espaço. Pra vê-lo, alguém teria que ser capaz de ver todo o espaço e o tempo em sua totalidade. Impossível!

Então Outro Alguém não consegue detectar Alguém Eterno. Então o que Alguém Eterno deve fazer se quiser ser visto por Outro Alguém? Ele deve deixar sua posição transcendental. Algum tipo de negação da sua transcendência é essencial é possível? Sim.

Lembre-se: qualquer coisa que possa ser feita, Alguém Eterno pode fazer. Então é possível para ele se fazer visível para Outro Alguém, ou seja, deixar de ser transcendente. Mas como?

Percebemos a presença de outros no nosso mundo através da visão, do cheiro, do tato, do gosto e da audição. Se Alguém Eterno desse a capacidade para Outro Alguém ver ou ouvir, por exemplo, então Alguém Eterno poderia (1) aparecer em uma forma visível, (2) falar com Outro Alguém ou (3) fazer os dois simultaneamente. Essas seriam maneiras de deixar de ser transcendente para que Outro Alguém pudesse ter a percepção de Alguém Eterno.

Lembre-se: Outro Alguém é uma criação. Portanto, Outro Alguém é limitado pelo tempo e pelo espaço. Qualquer que seja sua natureza (do que é feito), ele será percebido no tempo e no espaço. Por essa razão, tudo o Alguém Eterno tem a fazer é assumir a mesma forma que deu a Outro Alguém. Essa é uma maneira de se fazer reconhecido.

Mas, aqui está uma pergunta: se Alguém Eterno deixar de ser transcendental para se fazer reconhecido, ainda seria o Alguém Eterno integralmente? Não! Haveria mais dele ainda não revelado. Embora pudesse divulgar muito sobre si mesmo, todo o seu conjunto – que é ele mesmo em sua transcendência – não poderia ser totalmente conhecido e compreendido por Outro Alguém.

Interessante: o cenário que vimos acima é exatamente o que vemos na Bíblia. Nós somos como o Outro Alguém. Somos limitados pelo tempo e pelo espaço. Deus, porém, é o Alguém Eterno. Ele se deixou sua posição transcendental na pessoa de Jesus Cristo. Para descobrir mais, continue lendo…

1. Deus é o Alguém Eterno. Ele sempre existiu e continuará existindo pra sempre.

“Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus”. (Salmos 90:2)

“Será que você não sabe? Nunca ouviu falar? O Senhor é o Deus eterno, o criador de toda a terra. Ele não se cansa nem fica exausto; sua sabedoria é insondável”. (Isaías 40:28)

“Assim diz o Senhor, o rei de Israel, o seu redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último; além de mim não há Deus”. (Isaías 44:6)

“Mas o Senhor é o Deus verdadeiro; ele é o Deus vivo; o rei eterno”. (Jeremias 10:10)

“Respondeu Jesus:”Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou”! (João 8:58)

“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre”.(Hebreus 13:8)

“Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus, “o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-poderoso”. (Apocalipse 1:8)

“Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim”. (Apocalipse 22:13)

2. Deus é invisível.

“Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus* Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido”. (João 1:18)

“Deus é espírito…” (João 4:24)

“Ao Rei eterno, ao Deus único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém”. (1Timóteo 1:17)

“…o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém”. (1Timóteo 6:15-16)

3. De certa forma, nós vivemos em meio a Deus porque Ele está em todo o lugar, ainda que seja diferente de nós.

“Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença?” (Salmos 139:7)

“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós. ‘Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’, como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos descendência dele’”. (Atos 17:24-28)

4. Qualquer coisa que possa ser feita, pode ser por Deus.

“Existe alguma coisa impossível para o Senhor?” (Gênesis 18:14)

“O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe agrada”. (Salmos 115:3)

“Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, o que ainda virá. Digo: Meu propósito permanecerá em pé, e farei tudo o que me agrada”. (Isaías 46:10)

“Jesus olhou para eles e respondeu: ‘Para o homem isso é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis”.(Mateus 19:26)

“Pois nada é impossível para Deus”. (Lucas 1:27)

5. É possível para Deus deixar de ser transcendental. Ele pode revelar a si mesmo tomando a forma humana.

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus”.
A Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, a glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade”.
(João 1:1,1:4)

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada”. (1João 1:1-2)

“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele”. (1Colossenses 1:15-16)

“O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas…” (Hebreus 1:3)

“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus…” (Filipenses 2:5)

6. Quando Deus deixa sua natureza transcendental, não é o seu todo que é revelado, mas ainda assim é Ele.

“…o Pai é maior do que eu”. (João 14:28)

“Eu e o Pai somos um”. (João 10:30)

“…Quem me vê, vê ao Pai…” (João 14:9)


Você gostaria de conhecer este Deus? Se sim,
descubra como…

Conectando-se: conhecendo Deus pessoalmente.

pessoalmente.jpgO que é preciso para se iniciar um relacionamento com Deus?

Esperar que um raio caia? Devotar-se a obras de caridades em diferentes religiões? Tornar-se uma pessoa melhor para ser aceita por Deus? NADA disso. Deus deixou muito claro na Bíblia como podemos conhecê-lo. Aqui estão Quatro Princípios que irão explicar como você pode iniciar um relacionamento pessoal com Deus, agora mesmo…

PRIMEIRO PRINCÍPIO: Deus ama você e tem um plano maravilhoso para sua vida.

O AMOR DE DEUS

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

O PLANO DE DEUS

Cristo afirma: “…eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” [Uma vida completa e com propósito] (João 10.10).

Por que a maioria das pessoas não está experimentando essa “vida em abundância”?

Porque…

SEGUNDO PRINCÍPIO: O homem é pecador e está separado de Deus; por isso não pode conhecer nem experimentar o amor e o plano de Deus para sua vida.

O HOMEM É PECADOR

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23).

O homem foi criado para ter um relacionamento perfeito com Deus, mas por causa de sua desobediência e rebeldia, escolheu seguir seu próprio caminho e seu relacionamento com Deus se desfez. Esse estado de independência de Deus, caracterizado por uma atitude de rebelião ou indiferença, é evidência do que a Bíblia chama de pecado.

O HOMEM ESTÁ SEPARADO

Porque o salário do pecado é a morte…” [separação espiritual de Deus] (Romanos 6.23).

Deus é santo e o homem é pecador. Um grande abismo separa os dois. O homem está continuamente procurando alcançar a Deus e a vida abundante, através de seus próprios esforços: vida reta, boas obras, religião, filosofias, etc…

A Terceira Lei nos mostra a única resposta para o problema dessa separação…

TERCEIRO PRINCÍPIO: Jesus Cristo é a única solução de Deus para o homem pecador. Por meio dele você pode conhecer e experimentar o amor e o plano de Deus para sua vida.

ELE MORREU EM NOSSO LUGAR

“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5.8).

ELE RESSUSCITOU DENTRE OS MORTOS

“…Cristo morreu pelos nossos pecados… foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos..” (1 Coríntios 15.3-6).

ELE É O ÚNICO CAMINHO

“Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14.6).

Deus tomou a iniciativa de ligar o abismo que nos separa dele ao enviar seu Filho, Jesus Cristo, para morrer na cruz em nosso lugar, pagando o preço de nossos pecados.

Mas não é suficiente conhecer essas três leis…

QUARTO PRINCÍPIO: Precisamos receber a Jesus Cristo como Salvador e Senhor, por meio de um convite pessoal. Só então podere- mos conhecer e experimentar o amor e o plano de Deus para nossa vida.

PRECISAMOS RECEBER A CRISTO

“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (João 1.12).

RECEBEMOS A CRISTO PELA FÉ

“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).

RECEBEMOS A CRISTO POR MEIO DE UM CONVITE PESSOAL

Cristo afirma: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei…” (Apocalipse 3.20).

Receber a Cristo implica arrependimento, significa deixar de confiar em nossa capacidade para nos salvar, crendo que Cristo é o único que pode perdoar nossos pecados. Apenas saber que Jesus Cristo é o Filho de Deus e que morreu na cruz pelos nossos pecados, não é suficiente. É necessário receber a Cristo pela fé, por meio de uma decisão pessoal.

Há dois círculos representando dois tipos de vida:

A vida controlada pelo “EU”. O “EU” no centro da vida. Cristo fora da vida. Interesses controlados pelo “EU”, geralmente, causando discórdias e frustrações.

A vida controlada por Cristo. CRISTO no centro da vida. O”EU” fora do centro. Interesses controlados por Cristo, resultando em harmonia com o plano de Deus.

Qual dos dois círculos representa melhor sua vida? Qual deles você gostaria que representasse sua vida?

Gostaria de explicar como você pode receber a Cristo.

VOCÊ PODE RECEBER A CRISTO AGORA MESMO EM ORAÇÃO (ORAR É FALAR COM DEUS)

Deus conhece seu coração e está mais interessado na atitude de seu coração do que em suas palavras. A oração seguinte serve como exemplo:

“Jesus, eu preciso do Senhor. Abro a porta da minha vida e O recebo como meu Salvador e Senhor. Obrigado por ter morrido na cruz para perdoar meus pecados, por me dar a vida eterna, e por me aceitar como eu sou. Toma conta da minha vida e faça de mim a pessoa que deseja que eu seja. Amém”.

Você gostaria de receber a Cristo agora? Se for assim, faça essa oração e Cristo entrará em sua vida, como prometeu.

O que vem a seguir é uma longa jornada de mudança e crescimento enquanto você conhece melhor a Deus, lendo a Bíblia, orando e interagindo com outros Cristãos, durante toda a sua vida.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cientistas desvendam segredo do salto da pulga

Biologia em foco - flash news!

Pequeno vídeo da BBC mostra rapidamente o mecanismo de salto das pulgas que pode chegar a 200 vezes o comprimento do corpo do animal!
Link da BBC Brasil e do youtube pra vocês verem o salto da pulga em slow motion! hushushushua


BBC Brasil

Youtube

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O ABSURDO DA VIDA SEM DEUS

O ABSURDO DA VIDA SEM DEUS

Posted By webmaster On 8/01/2007 @ 21:50 In Absurdo do ateísmo, Deus existe?, William Lane Craig

Por William Lane Craig

O ser humano, escreve Loren Eisley, é o órfão cósmico. Ele é a única criatura no universo que pergunta: “Por quê?” Os outros animais têm instintos para guiá-los, mas o ser humano aprendeu a fazer perguntas.

“Quem sou eu”, pergunta o ser humano. “Por que estou aqui? Para onde estou indo?” Desde o iluminismo, quando se desvencilhou das amarras da religião, o ser humano tentou responder a essas perguntas sem fazer referência a Deus. Só que as respostas que vieram não foram alegres, mas escuras e terríveis. “Você é o subproduto acidental da natureza, um resultado de matéria mais tempo mais mudança. Não há razão para a sua existência. A morte é tudo o que você tem pela frente.”

O homem moderno pensou que, depois que se livrou de Deus, tinha ficado livre de tudo o que o reprimia e sufocava. Em vez disso, descobriu que, ao matar Deus, matara também a si próprio. Isso porque, se não há Deus, a vida humana é um absurdo.

Se Deus não existe, tanto o ser humano quanto o universo estão inevitavelmente condenados à morte. O ser humano, como todos os organismos biológicos tem de morrer. Sem esperança de imortalidade, sua vida apenas caminha para o túmulo. Sua vida não passa de uma faísca na escuridão infinita, uma fagulha que aparece, reluz e morre para sempre. Comparada com a extensão infinita do tempo, a duração da vida do ser humano é apenas um momento infinitesimal; mesmo assim, isso é tudo da vida que ele jamais conhecerá. Por isso, cada um tem de defrontar-se com o que o teólogo Paul Tilich chamou de “a ameaça de não ser”. Pois apesar de eu saber que existo, que estou vivo, também sei que algum dia não existirei mais, que não serei mais, que morrerei. Esse pensamento é assustador e ameaçador: pensar que a pessoa que chamo de “eu” deixará de existir, que eu não serei mais!

Recordo perfeitamente a primeira vez que meu pai me disse que um dia eu haveria de morrer. De algum modo, quando criança esse pensamento nunca me havia ocorrido. Quando ele o disse, fiquei cheio de temor e de tristeza insuportável. E apesar de ele tentar várias vezes garantir-me que isso ainda estava muito distante, isso não me parecia importar. Mais cedo ou mais tarde, o fato inegável era que eu morreria e não existiria mais, e esse pensamento tomou conta de mim. Depois de algum tempo, como todos nós, cresci e simplesmente aceitei o fato. Aprendemos a conviver com o que é inevitável. Mas as impressões da crianças continuam verdadeiras. Como observou o existencialista francês Jean-Paul Sartre, algumas horas ou alguns anos não fazem diferença, uma vez que você perdeu a eternidade.

Venha cedo ou tarde, a perspectiva de morte e a ameaça de não ser é um horror terrível. Contudo, certa vez encontrei um estudante que não sentia essa ameaça. Ele disse que fora criado numa fazenda e estava acostumado a ver os animais nascer e morrer. A morte para ele era simplesmente natural – parte da vida, por assim dizer. Fiquei perplexo com nossas diferentes perspectivas da morte e tive dificuldades para compreender por que ele não sentia a ameaça de não ser. Anos mais tarde, creio que encontrei a resposta lendo Sartre. Ele observou que a morte não é ameaçadora enquanto a vemos como a morte do outro, de certo modo da perspectiva da terceira pessoa. É somente quando a interiorizamos e olhamos do ponto de vista de primeira pessoa – “minha morte; eu vou morrer” – que a ameaça de não ser se torna real. Sartre mostra que muitas pessoas nunca assumem essa perspectiva de primeira pessoa em meio à vida; pode-se até olhar para a própria morte da perspectiva da terceira pessoa, como se fosse a morte de outro ou até de um animal, como fez o meu amigo estudante. O significado existencial verdadeiro da minha morte, contudo, só pode ser entendido do ponto de vista de primeira pessoa, quando compreendo que vou morrer e deixar de existir para sempre. Minha vida é apenas uma transição momentânea entre um esquecimento e outro.

O universo também encara a morte. Os cientistas nos dizem que o universo está em expansão, e que tudo que há nele está ficando cada vez mais distante. Com isso ele fica cada vez mais frio, e sua energia vai se gastando. Um dia todas as estrelas perderão seu calor e toda matéria se tornará em estrelas mortas e buracos negros. Não haverá mais luz, não haverá mais calor, não haverá mais vida, apenas estrelas e galáxias mortas, sempre se expandindo em trevas sem fim e extremidades frias do espaço – um universo em ruínas. Todo o universo se encaminha de modo irreversível para o túmulo. Assim, não só a vida de cada pessoa está condenada; toda a raça humana está condenada. O universo está se precipitando em direção à extinção inevitável – a morte está encravada em toda a sua estrutura. Não há escapatória. Não há esperança.

O ABSURDO DA VIDA SEM DEUS E SEM IMORTALIDADE

Se não há Deus, o ser humano e o universo estão condenados. Como prisioneiros condenados à morte, esperamos nossa execução inevitável. Não há Deus, e não há imortalidade. E qual a conseqüência disso? Significa que a própria vida é um absurdo. Significa que a vida que temos não tem sentido fundamental, valor ou propósito. Vejamos esses três conceitos mais de perto.

Não há sentido fundamental sem imortalidade e sem Deus

Se cada pessoa deixa de existir quando morre, que sentido fundamental pode ser dado à sua vida? Realmente faz diferença se ela existiu? Pode ser dito que sua vida foi importante porque influenciou outros ou afetou o curso da história. Mas isso mostra apenas um significado relativo da sua vida, não um sentido fundamental. Sua vida pode ter importância relativa a certos acontecimentos, mas qual é o sentido fundamental desses acontecimentos? Se todos os acontecimentos não têm sentido, então que sentido fundamental pode haver em influenciá-los? No final das contas, não faz diferença.

Olhe para isso de outro ponto de vista: os cientistas dizem que o universo se originou de uma explosão que chamam de “Big Bang”, há mais ou menos 15 bilhões de anos. Imagine que o “Big Bang” nunca tenha ocorrido. Imagine que o universo nunca tenha existido. Que diferença fundamental isso faria? O universo está mesmo fadado a morrer. No fim, não faz diferença se ele realmente existiu ou não. Por isso ele não tem sentido fundamental.

O mesmo vale para a raça humana. A humanidade está condenada em um universo moribundo. Uma vez que um dia deixará de existir, não faz diferença fundamental se ela alguma vez existiu. A humanidade, assim, não tem mais importância do que um enxame de mosquitos ou uma vara de porcos, pois seu fim é idêntico. O mesmo processo cósmico cego que a vomitou no início um dia acabará por engoli-la.

O mesmo se aplica a cada pessoa. As contribuições dos cientistas para o avanço do conhecimento humano, as pesquisas dos médicos para aliviar dor e sofrimento, os esforços dos diplomatas para promover a paz no mundo, os sacrifícios de pessoas boas para melhorar a sorte da raça humana – tudo isso não dá em nada. No fim, não farão nenhuma diferença, nem um pouquinho. A vida de cada pessoa, portanto, não tem sentido fundamental. E se, no final das contas, nossa vida não tem sentido, as atividades com que a preenchemos também não têm sentido. As longas horas gastas em estudo na universidade, os empregos, os interesses, as amizades – tudo isso é, em última análise, totalmente sem sentido. É isto que apavora o homem moderno: já que ele acaba em nada, ele é nada.

Contudo, é importante perceber que o ser humano não precisa apenas de imortalidade para que sua vida faça sentido. A mera continuação da existência não dá sentido a essa existência. Se o ser humano e o universo pudessem existir para sempre, mas não houvesse Deus, sua existência ainda não teria sentido fundamental. Certa vez li uma história de ficção científica em que um astronauta foi abandonado em uma rocha deserta perdida no espaço sideral. Ele levava consigo dois frascos, um contendo veneno e outro, uma poção que o faria viver para sempre. Compreendendo seu predicamento, ele engoliu o veneno. Mas então, para seu horror, descobriu que abrira o frasco errado – bebera a poção da imortalidade. E isso significava que ele estava condenado a existir para sempre – numa vida sem sentido e sem fim. Muito bem; se Deus não existe, nossa vida é como a desse astronauta. Ela pode durar para sempre, e mesmo assim não ter sentido. Ainda poderíamos perguntar à vida: “E daí?” Portanto, o ser humano não precisa apenas de imortalidade para que sua vida tenha sentido fundamental; ele necessita de Deus e de imortalidade. E se Deus não existe, ele não tem nenhum dos dois.

O homem do século vinte veio a compreender isso. Leia Á espera de Godot, de Samuel Beckett. Durante toda essa peça, dois homens estão ocupados numa conversa trivial, enquanto esperam um terceiro que nunca aparece. Nossa vida é assim, Beckett está dizendo: simplesmente matamos o tempo esperando – o quê, não sabemos. Num trágico retrato do ser humano, Beckett escreveu outra peça em que a cortina se abre para mostrar o palco cheio de lixo. Por trinta longo segundos, a platéia olha atônita, em silêncio, para aquele lixo. Então a cortina se fecha. Isso é tudo.

Um dos romances mais devastadores que já li foi O lobo da estepe, de Hermann Hesse. No fim do romance, Harry Haller fica olhando para si mesmo em um espelho. No curso da sua vida ele experimentara tudo o que o mundo oferece. E agora está olhando para si mesmo, e resmunga: “Ah, o sabor amargo da vida!” Ele cospe em si mesmo no espelho e, depois o estilhaça com chutes. Sua vida foi fútil e sem sentido.

Os existencialistas franceses Jean-Paul Sartre e Albert Camus também compreenderam isso. Sartre retratou a vida em sua peça Sem saída como o inferno – a última linha da peça são as palavras resignadas: “Bem, continuemos com isso”. Por isso Sartre escreve em outro texto sobre a “náusea” da existência. Camus também considerava a vida absurda. No fim do seu curto romance O estranho, o herói de Camus descobre num lampejo de compreensão que o universo não tem sentido e que não existe um Deus que lhe dê sentido. O bioquímico francês Jacques Monod pareceu refletir os mesmos sentimentos quando escreveu em sua obra Acaso e necessidade: “O ser humano finalmente sabe que está sozinho na imensidão indiferente do universo”.

Portanto, se Deus não existe, a própria vida se torna sem sentido. O ser humano e o universo não têm sentido fundamental.

Não há valor fundamental sem imortalidade e sem Deus

Se a vida termina no túmulo, não faz diferença se nossa vida foi como a de Stalin ou a de um santo. Se nosso destino, no fim das contas, não tem relação com nossa conduta, cada um pode viver como quiser. Como Dostoyevsky disse: “Se não há imortalidade, todas as coisas são permitidas”. Com base nisso, um escritor como Ayn Rand está totalmente correto em louvar as virtudes do egoísmo. Viva totalmente para si; você não deve satisfações a ninguém! Na verdade, seria tolice viver de qualquer outra forma, porque a vida é curta demais para desperdiçá-la agindo de outra forma a não ser em interesse próprio. Sacrificar-se por outra pessoa seria burrice. Kai Nielsen, filósofo ateu que tenta defender a viabilidade da ética sem Deus, no fim admite:

Não fomos capazes de mostrar que a razão requer o ponto de vista moral, ou que todas as pessoas realmente racionais, não predispostas por mitos ou ideologias, precisam ser indivíduos egoístas ou amoralistas clássico. Não é a razão que decide aqui. O quadro que pintei para você não é bonito. A reflexão sobre ele me deprime [...] A pura razão prática, mesmo com um bom conhecimento dos fatos, não o levará à moralidade.[1]

O problema, porém, torna-se ainda pior. Porque, apesar da imortalidade, se não há Deus, não pode haver padrões objetivos do que é certo e errado. Tudo o que está diante de nós, nas palavras de Jean-Paul Sartre, é o fato nu e sem valor da existência. Os valores morais são simples expressões de gosto pessoal ou subprodutos da evolução e do condicionamento sócio-biológico.

Nas palavras de um filósofo humanista: “Os princípios morais que regem nossa conduta estão arraigados em hábitos e costumes, sentimentos e modas” [2] Num mundo sem Deus, quem dirá quais valores são corretos e quais são errados? Quem julgará que os valores de Adolf Hitler são inferiores aos de um santo? O conceito de moralidade perde todo o sentido num universo sem Deus. Um ético ateu contemporâneo disse: “Afirmar que algo é errado porque [...] é proibido por Deus é [...] perfeitamente compreensível para alguém que crê em um deus legislador. Mas dizer que algo é errado [...] apesar de não existir um deus que o proíba não é compreensível [...] O conceito de obrigação moral [é] incompreensível sem a idéia de Deus. As palavras permanecem mas seu sentido se foi.” [3] Em um mundo sem Deus, não pode haver certo e errado objetivos, somente nossos juízos subjetivos, cultural e pessoalmente relativos. Isso significa que é impossível condenar guerra, opressão ou crime como maus. Também não podemos louvar fraternidade, igualdade e amor como bons. Porque em um universo sem Deus, bem e mal não existem – existe apenas o fato nu e sem valor da existência, e não há ninguém para dizer que você está certo e eu errado.

Não há propósito fundamental sem imortalidade e sem Deus

Se a morte nos espera de braços abertos no fim do curso da nossa vida, qual é o objetivo da vida? Com que fim ela foi vivida? Tudo foi a troco de nada? Não há razão para a vida? E o que dizer do universo? Ele é completamente sem razão? Se seu destino é um túmulo frio nas extremidades do espaço sideral, a resposta tem de ser sim – ele não tem razão de ser. Não há alvo, não há propósito para o universo. O lixo de um universo morto simplesmente continuará a se expandir – para sempre.

E o ser humano? Será que existe algum propósito para a raça humana? Ou será que ela simplesmente desaparecerá algum dia perdida no esquecimento de um universo indiferente? O escritor inglês H. G. Wells anteviu essa perspectiva. Em seu romance A máquina do tempo, o viajante no tempo avança para

o futuro, a fim de descobrir o destino do ser humano. Tudo o que ele encontra é terra morta, com a exceção de alguns liquens e musgos, orbitando em torno de um gigantesco sol vermelho. Os únicos sons são o sopro do vento e o marulhar das ondas do oceano. “Com exceção desses sons sem vida”, escreve Wells, “o mundo estava em silêncio. Silêncio? Seria difícil descrever como tudo estava quieto. Todos os sons das pessoas, o balido das ovelhas, o canto dos pássaros, o zumbir dos insetos, o movimento que forma o pano de fundo da nossa vida – tudo havia passado”[4] E assim o viajante no tempo de Wells voltou para casa. Mas para quê? – para um mero ponto anterior na corrida em direção ao esquecimento. Quando eu, ainda nâo cristão, li o livro de Wells, pensei: “Não! Não! Não pode terminar assim!” Mas se não há Deus, o fim será esse, gostemos ou não. Esta é a realidade em um universo sem Deus: não há esperança, não há propósito. Isso me recorda os versos assustadores de T S. Eliot:

E assim que o mundo termina

E assim que o mundo termina

E assim que o mundo termina

Não com uma explosão; com um gemido.”[5]

O que se aplica à raça humana como um todo vale para cada um de nós individualmente: estamos aqui sem propósito. Se não há Deus, nossa vida não é qualitativamente diferente da de um cão. Sei que isso é duro, mas é verdade. O antigo escritor de Eclesiastes o disse assim: “O que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão” (Ec 3.19-20). Nesse livro, que se parece mais com uma peça da moderna literatura existencialista do que com um livro da Bíblia, o escritor mostra a futilidade de prazer, riqueza, educação, fama política e honra em uma vida fadada a terminar na morte. Qual é seu veredicto? “Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade” (Ec 1.2). Se a vida termina no túmulo, não temos um propósito fundamental para viver.

Mais que isso: mesmo se tudo não terminasse na morte, sem Deus a vida ainda seria sem propósito. O ser humano e o universo seriam simples acidentes do acaso, jogados na existência sem motivo. Sem Deus o universo é resultado de um acidente cósmico, uma explosão aleatória. Não há motivo pelo qual ele exista. Quanto ao ser humano, ele é um capricho da natureza – um produto às cegas de matéria mais tempo mais acaso. O ser humano não passa de uma massa gosmenta que evoluiu até a racionalidade. Não há mais propósito na vida para a raça humana do que para uma espécie de inseto; ambos são resultado da interação cega de acaso e necessidade. Um filósofo o disse assim: “A vida humana está posta sobre um pedestal subumano e tem de lutar sozìnha no centro de um universo silencioso e sem razão”[6]

O que vale para universo e a raça humana também se aplica a nós como indivíduos. Enquanto seres humanos individuais, somos o resultado de certas combinações de hereditariedade e ambiente. Somos vítimas de um tipo de roleta genética e ambiental. Os psicólogos que seguem Sigmund Freud nos dizem que nossas ações são resultados de várias tendências sexuais reprimidas. Os sociólogos que seguem B. E Skinner argumentam que todas as nossas escolhas são determinadas pelo condicionamento, de modo que a liberdade é uma ilusão. Biólogos como Francis Crick consideram o ser humano uma máquina eletroquímica que pode ser controlada alterando-se seu código genético. Se Deus não existe, você não passa de um aborto da natureza, jogado num universo sem propósito para levar uma vida sem propósito.

Portanto, se Deus não existe, isso significa que o ser humano e o universo existem sem nenhum propósito -já que o fim de tudo é a morte – e que vieram a existir sem nenhum propósito, já que são produtos cegos do acaso. Em resumo, a vida é totalmente sem razão.

Você consegue entender a gravidade das alternativas à nossa frente? Se Deus existe, há esperança para

o ser humano. Mas se Deus não existe, tudo o que nos resta é o desespero. Você compreende por que a pergunta da existência de Deus é tão vital para o ser humano? Como um escritor expressou muito bem: “Se Deus está morto, o ser humano também está”.

Infelizmente, a massa da humanidade não percebe esse fato. Ela continua a viver como se nada tivesse mudado. Recordo-me da história de Nietzsche sobre o louco que, nas primeiras horas da manhã, corre pelo mercado com um lampião na mão, exclamando: “Procuro Deus! Procuro Deus!” Como muitos à sua volta não crêem em Deus, ele provoca muitos risos. “Deus se perdeu?”, zombam dele. “Ou se escondeu? Ou foi viajar ou emigrou!” E riem alto. Então, escreve Nietzsche, o louco pára no meio deles e crava-lhes o olhar:

“Onde está Deus?”, ele grita. “Eu lhes direi. Nós o matamos - vocês e eu. Todos nós somos seus assassinos. E como fizemos isso? Como pudemos beber o mar? Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte? O que fizemos quando desamarramos esta terra do seu sol? Para onde ela está se movendo agora? Para longe de todos os sóis? Não estamos caindo sem parar? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções? Restou alguma coisa em cima ou embaixo? Não estamos vagando como que por um nada infinito? Não estamos sentindo a respiração do espaço vazio? Não ficou mais frio? Não está chegando cada vez mais a noite? Não estamos tendo de acender lampiões de manhã? Não ouvimos apenas o barulho dos coveiros que estão sepultando a Deus? ([...]Deus está morto [...]. E nós o matamos. Como nós, os maiores de todos os assassinos, iremos consolar a nós mesmos?”[7]

A multidão ficou fitando o louco em silêncio e perplexidade. Por fim, ele coloca o lampião no chão e disse: “Cheguei muito cedo, esse acontecimento incrível ainda está a caminho – ainda não atingiu os ouvidos do ser humano”. O ser humano ainda não compreendera realmente as conseqüências do que fizera ao matar a Deus. Mas Nietzsche predisse que um dia as pessoas entenderiam as implicações do seu ateísmo; e essa percepção daria início a uma era de niilismo – a destruição de todo significado e valor da vida. O fim do cristianismo, escreveu Nietzsche, significa o advento do niilismo. Esse mais terrível de todos os hóspedes já está à porta. “Toda a nossa cultura européia está há algum tempo em movimento”, escreveu Nietzsche, “numa tensão torturante que está crescendo a cada década, como na iminência de uma catástrofe: sem descanso, com violência, precipitado, como um rio que quer chegar ao fim, que não reflete mais, que tem medo de refletir”[8].

A maioria das pessoas ainda não reflete sobre as conseqüências do ateísmo, e assim, como a multidão no mercado, continua seu caminho sem saber. Mas quando entendemos, como Nietzsche, o que o ateísmo implica, essa pergunta fará grande pressão sobre nós: como nós, os maiores assassinos, consolaremos a nós mesmos?

A IMPOSSIBILIDADE PRÁTICA DO ATEÍSMO

Quase a única solução que um ateu pode oferecer é que enfrentemos o absurdo da vida e vivamos com coragem. Bertrand Russell, por exemplo, escreveu que temos de construir nossa vida sobre “o firme fundamento do desespero incessante”[9]. Somente reconhecendo que o mundo é realmente um lugar terrível é que podemos lidar bem com essa vida. Camus disse que devemos reconhecer honestamente o absurdo da vida e depois viver com amor uns pelos outros.

O problema fundamental com essa solução, porém, é que é impossível viver de modo coerente e feliz com uma cosmovisão assim. Quem vive de modo coerente, não será feliz; quem vive de modo feliz, apenas o é porque não é coerente. Francis Schaeffer explicou bem esse ponto. Ele. diz que o homem moderno mora em um universo de dois andares. No andar de baixo está o mundo finito sem Deus; ali a vida é um absurdo, como vimos. No andar de cima estão sentido, valor e propósito. Muito bem, o homem moderno mora no andar de baixo porque acredita que Deus não existe. Só que não pode viver feliz num mundo absurdo; por isso, constantemente dá saltos de fé para o andar superior para afirmar sentido, valor e propósito, apesar de não ter direito a isso por não crer em Deus. O homem moderno é totalmente incoerente quando dá o seu salto, porque esses valores não existem sem Deus, e o ser humano no andar de baixo não tem Deus.

Olhemos mais uma vez, então, cada uma dessas três áreas em que vimos que a vida sem Deus é um absurdo, para mostrar como o ser humano não pode viver de modo coerente e feliz com seu ateísmo.

O sentido da vida

Primeiro, a área do sentido. Vimos que, sem Deus, a vida não _tem sentido. Todavia, os filósofos continuam vivendo como se a vida tivesse sentido. Por exemplo, Sartre argumentou, que é possível criar sentido para a vida escolhendo livremente certo curso de ação. O próprio Sartre escolheu o marxismo.

Bem, isso é de uma incoerência completa. Não há coerência em dizer que a vida é objetivamente um absurdo e depois afirmar que se pode criar sentido para a vida. Se a vida é realmente um absurdo, o ser humano está preso no andar de baixo. Tentar criar sentido na vida significa saltar para o andar superior. Mas Sartre não tem base para dar esse salto. Sem Deus, não pode haver sentido objetivo na vida. O programa de Sartre é na verdade um exercício de auto-engano. O universo na verdade não adquire sentido só porque eu lhe atribuo algum sentido. Isso é fácil de ver: imagine que eu dou um sentido ao universo e você lhe dá outro. Quem tem razão? A resposta, claro, é nenhum dos dois. O universo sem Deus permanece sem sentido em termos obietivos, não importa como nós o consideremos. Sartre na verdade está dizendo: “Vamos fazer de conta que o universo tem sentido”. E isso equivale a enganar a si mesmo.

A questão é esta: se Deus não existe, a vida, em termos objetivos, não tem sentido; acontece que o ser humano não pode viver de modo coerente e feliz sabendo que a vida não tem sentido; assim, com o propósito de ser feliz, ele finge que a vida tem sentido. Isso, claro, é uma incoerência a toda prova pois, sem Deus, o ser humano e o universo não têm nenhum sentido real.

O valor da vida

Agora volte-se para o problema do valor. É aqui que ocorrem as incoerências mais flagrantes. Em primeiro lugar, os humanistas ateus são totalmente incoerentes ao afirmar os valores tradicionais de amor e fraternidade. Camus foi criticado com razão por defender de modo incoerente o absurdo da vida ao lado da ética do amor e da fraternidade humana. Esses dois elementos são logicamente incompatíveis. Bertrand Russell também foi incoerente. Apesar de ateu, era um destacado crítico social e denunciava a guerra e as restrições à liberdade sexual. Russell admitiu que não podia viver como se os valores éticos fossem uma simples questão de gosto pessoal, e que por isso não considerava suas próprias posições passíveis de se crer. “Não sei a solução”, confessou[10]. A questão é que, se não há Deus, não podem existir certo e errado objetivos. Como disse Dostoyevsky: “Todas as coisas são permitidas”.

Dostoyevsky, porém, também mostrou que o ser humano não pode viver dessa maneira. Ele não pode viver como se não houvesse problema algum no fato de soldados massacrarem crianças inocentes. Ele não pode viver como se não houvesse problema algum nos regimes ditatoriais que adotam um programa sistemático de tortura física de prisioneiros políticos. Ele não pode viver como se estivesse tudo bem com ditadores como Pol Pot, que exterminam milhões dos seus próprios compatriotas. Todo

o seu ser grita para dizer que esses atos são errados – realmente errados. Mas se não há Deus, ele não pode fazer isso. Então, ele dá um salto de fé e afirma esses valores mesmo assim. E ao fazê-lo, revela a inadequação de um mundo sem Deus.

O horror de um mundo sem valores ficou claro para mim, e com muito mais intensidade, há alguns anos quando assisti a um documentário da BBC na televisão chamado “A reunião”. Era sobre sobreviventes do Holocausto que se encontraram em Jerusalém, onde redescobriram amizades perdidas e compartilharam suas experiências. Bem, eu já havia ouvido histórias do Holocausto e até visitara Dachau e Buchenwald, e pensava que não me chocaria com mais histórias de horror. Mas descobri que estava enganado. Talvez eu estivesse mais sensível por causa do nascimento recente da nossa linda filha, transferindo-lhe as situações relatadas na televisão. Seja como for, uma prisioneira, enfermeira, contou como fora transformada em ginecologista em Auschwitz. Ela observou que as mulheres grávidas eram agrupadas por soldados sob a direção do Dr. Mengele e abrigadas nos mesmos barracões. Passado algum tempo, ela notou que não via mais nenhuma daquelas mulheres. Começou então a fazer perguntas: “Onde estão as mulheres grávidas que foram colocadas naqueles barracões?” “Você não sabe?”, foi a resposta. “O Dr. Mengele as usou para vivisseção“.

Outra mulher contou como Mengele enfaixara seus seios para que não pudesse amamentar seu bebê. O médico queria saber quanto tempo um bebê podia sobreviver sem alimento. Desesperada, essa pobre mulher tentou manter seu bebê vivo dando-lhe pedaços de pão molhados no café, mas sem resultado. A cada dia ele perdia peso, fato acompanhado com precisão pelo Dr. Mengele. Então uma enfermeira veio em segredo dizer a essa mulher: “Dei um jeito de você sair daqui, mas você não pode levar seu bebê. Eu trouxe uma injeção de morfina para você pôr fim à vida dele”. Diante dos protestos da mulher, a enfermeira foi insistente: “Veja, seu bebê vai morrer de qualquer jeito. Pelo menos salve a si mesma”. E assim aquela mãe tirou a vida do seu próprio filho. O Dr. Mengele ficou furioso quando soube do fato porque perdera sua cobaia, e procurou entre os cadáveres até achar o corpo do bebê para poder pesá-lo pela última vez.

Fiquei arrasado com essas histórias. Um rabino que sobreviveu ao campo fez um bom resumo de tudo, quando disse que em Auschwitz era como se existisse um mundo em que os Dez Mandamentos haviam sido invertidos. A raça humana nunca havia testemunhado um inferno como aquele.

Mesmo assim, se Deus não existe, em certo sentido nosso mundo é um Auschwitz: não há certo nem errado absolutos; todas as coisas são permitidas. No entanto, nem o ateu nem o agnóstico podem viver de modo coerente com essa postura. O próprio Nietzsche, que proclamou a necessidade de viver “além do bem e do mal”, rompeu com seu mentor Richard Wagner exatamente por causa da questão do antisemitismo e do nacionalismo germânico estridente do compositor. De modo semelhante, Sartre, escrevendo logo depois da Segunda Guerra Mundial, condenou o anti-semitismo, declarando que uma doutrina que leva ao extermínio não é uma mera opinião ou questão de gosto pessoal, de igual valor do seu oposto[11]. Em seu importante estudo “O existencialismo é um humanismo”, Sartre luta em vão para disfarçar a contradição entre sua negação de valores divinamente pré-estabelecidos e seu desejo urgente de afirmar o valor dos seres humanos. A exemplo de Russell, ele não conseguia conviver com as implicações da sua própria negação dos absolutos éticos.

Um segundo problema é que, se Deus não existe e não há imortalidade, todos os atos maus das pessoas ficam sem punição e todos os sacrifícios das pessoas boas ficam sem recompensa. Quem pode viver com essa postura? Richard Wurmbrand, que foi torturado em prisões comunistas por sua fé, afirma:

A crueldade do ateísmo é difícil de aceitar para quem não crê na recompensa do bem ou na punição do mal. Não há razão para sermos humanos. Não há impedimento para a profundidade do mal no ser humano. Os torturadores comunistas diziam muitas vezes: “Deus não existe, não existe além, não existe punição para o mal. Podemos fazer o que quisermos”. Ouvi um torturador chegar a dizer: “Agradeço a Deus, em quem não creio, por poder viver até essa hora em que posso expressar todo o mal que há em meu coração”. Ele expressava isso com brutalidade e tortura inacreditáveis infligidas aos prisioneiros.[12]

O teólogo inglês Cardeal Newman disse certa vez que, se acreditasse que todos os males e injustiças da vida em toda a história não serão corrigidos por Deus na vida do além, “bem, acho que eu ficaria louco”. E com razão.

O mesmo se aplica a atos de auto-sacrifício. Há alguns anos ocorreu um terrível desastre aéreo durante o inverno, em que um avião que saiu de Washington, nos Estados Unidos, bateu em uma ponte sobre o rio Potomac e arremessou os passageiros na água gelada. Quando chegaram os helicópteros de resgate, a equipe de salvamento percebeu que havia um homem que ficava jogando a escada de cordas para outros passageiros, em vez de se deixar puxar para a segurança do helicóptero. Seis vezes ele jogou a escada para outros. Na sétima vez que a escada desceu, ele não estava mais lá. Dera a sua vida espontaneamente, para que outros pudessem viver. Toda a nação voltou os olhos para esse homem em respeito e admiração pelo ato de bondade e altruísmo. Mesmo assim, se o ateu tem razão no que afirma, aquele homem não fez nada de nobre – ele fez a coisa mais estúpida possível. Ele devia ter se lançado em direção à escada e até empurrado os outros, se necessário, a fim de sobreviver. Mas morrer por gente que ele nem conhecia, desistir da breve existência que ainda lhe restava – para quê? Para um ateu, não pode haver razão que justifique tal ato. Mesmo assim, o ateu, como qualquer um de nós, instintivamente reage com louvor a esse ato desinteressado do homem. De fato, provavelmente nunca encontraremos um ateu que viva em coerência com seu sistema. Pois um universo sem responsabilidade moral e sem valores é incalculavelmente terrível.

O propósito da vida

Por último, vejamos o problema do propósito na vida. As únicas duas maneiras pelas quais a maioria das pessoas que negam o propósito da vida podem viver feliz é inventando um propósito, o que equivale ao auto-engano como vimos em Sartre, ou não levando sua posição às conclusões lógicas. Observe o problema da morte como exemplo. De acordo com Ernst Bloch, a única maneira pela qual o homem moderno pode viver em face da morte é valendo-se inconscientemente da crença na imortalidade que seus antepassados tinham, mesmo sem ter ele mesmo base para essa crença, já que não crê em Deus. Bloch constata que a crença de que a vida termina em nada dificilmente é, em suas palavras, “suficiente para manter a cabeça erguida e trabalhar como se não houvesse fim”. Ao se valer dos resquícios de uma crença na imortalidade, escreve Bloch, “o homem moderno não sente o abismo que o cerca por todos os lados e com certeza acabará por tragá-lo. Com esses resquícios, ele salva seu senso de identidade própria. Por meio deles surge a impressão de que o ser humano não está perecendo, mas apenas um dia o mundo terá o capricho de não mais se mostrar a ele”. Bloch conclui: “Essa coragem bastante superficial saca de um cartâo de crédito emprestado. Ela vive de esperanças anteriores e da sustentação que elas antigamente proporcionavam”[13]. O homem moderno não tem mais o direito a tal sustentação, já que rejeita a Deus. Mas, a fim de viver com propósito, dá um salto de fé para afirmar uma razão para a vida.

Encontramos freqüentemente a mesma incoerência entre aqueles que dizem que o ser humano e o universo vieram a existir sem qualquer razão ou propósito, apenas por acaso. Incapazes de viver em um universo impessoal em que tudo é produto do acaso cego, essas pessoas começam a atribuir personalidade e motivos aos próprios processos físicos. Essa é uma maneira bizarra de falar e representa um salto do andar de baixo para o de cima. Por exemplo, os brilhantes físicos russos Zeldovich e Novikov, ao contemplar as propriedades do universo, perguntam por que a “natureza” decidiu criar esse tipo de universo e não outro. “Natureza” obviamente se tornou um tipo de substituto de Deus, preenchendo o papel e a função de Deus. Francis Crick, no meio do seu livro The origin of the genetic code, começa a escrever “natureza” com N maiúsculo, e em outras passagens diz que a seleção natural é “inteligente” e que “pensa” no que fará. Fred Hoyle, astrônomo inglês, atribui ao próprio universo as qualidades de Deus. Para Carl Sagan, o “cosmos”, que ele sempre escreve com C maiúsculo, obviamente tem o papel de um substituto de Deus. Apesar de todos esses homens professarem não crer em Deus, eles contrabandeiam um substituto de Deus pela porta dos fundos, porque não suportam viver em um universo em que tudo é resultado do acaso de forças impessoais.

E é interessante ver muitos pensadores traírem suas posições quando são empurrados em direção às suas conclusões lógicas. Por exemplo, certas feministas levantaram uma tempestade de protestos contra a psicologia freudiana porque é machista e degradante para as mulheres. Então alguns psicólogos abaixaram a cabeça e revisaram suas teorias. Acontece que isso é totalmente incoerente. Se a psicologia freudiana é realmente verdadeira, não importa se ela degrada as mulheres. Você não pode mudar a verdade porque não gosta de suas conclusões. Contudo, as pessoas não conseguem viver coerentes e felizes em um mundo onde outras pessoas são desvalorizadas. Se Deus, porém, não existe, ninguém tem valor. Somente se Deus existe alguém pode com coerência apoiar os direitos das mulheres. Pois se Deus não existe, a seleção natural dita que quem é dominante e agressivo na espécie é o macho. As mulheres não poderiam ter mais direitos do que uma cabra ou uma galinha. Na natureza, tudo o que existe está certo. Mas quem consegue conviver com essa postura? Ao que parece, nem mesmo os psicólogos freudianos, que traem suas teorias quando levados às suas conclusões lógicas.

Observe, também, o behaviorismo sociológico de alguém como B. F. Skinner. Essa posição leva ao tipo de sociedade imaginada em 1984, de George Orwell, em que o governo controla e programa os pensamentos de todo mundo. Se é possível fazer o cão de Pavlov salivar quando soa uma campainha, pode-se fazer o mesmo com um ser humano. Se as teorias de Skinner estão certas, não pode haver objeção para tratar as pessoas como os ratos na caixa de Skinner, que correm pelos labirintos atraídos por comida e impelidos por choques elétricos. De acordo com Skinner, todas as nossas noções são predeterminadas. E se Deus não existe, não se podem levantar objeções morais contra esse tipo de programação, pois o ser humano não é qualitativamente diferente de um rato, já que ambos são apenas matéria mais tempo mais acaso. Mas repito: quem consegue conviver com uma postura tão desumanizadora?

Ou, por fim, pense no determinismo biológico de alguém como Francis Crick. Sua conclusão lógica é que o ser humano é igual a qualquer outro espécime de laboratório. O mundo ficou horrorizado quando soube que em campos como Dachau os nazistas tinham usado prisioneiros para experimentos médicos em seres humanos. E por que não? Se Deus não existe, não pode haver objeções ao uso de pessoas como cobaias humanas. Um memorial em Dachau traz a inscrição Nie wieder - “nunca mais” – mas esse tipo de coisa continua acontecendo. Há alguns anos foi revelado que, nos Estados Unidos, várias pessoas haviam recebido de pesquisadores médicos drogas esterilizadoras, sem o conhecimento delas. Não temos nós de protestar que isso está errado – que o ser humano é mais que uma máquina eletroquímica? O fim dessa posição é o controle populacional em que os fracos e indesejados são eliminados para abrir espaço para os fortes. No entanto, a única base para podermos protestar com coerência é a existência de Deus. Somente se Deus existe pode haver propósito na vida.

Portanto, o dilema do homem moderno é realmente terrível. Enquanto se negarem a existência de Deus e a objetividade de valor e propósito, esse dilema continuará insolúvel também para o homem “pósmoderno”. Na verdade, é exatamente a consciência de que o modernismo conduz inevitavelmente ao absurdo e ao desespero que constitui a angústia da pós-modernidade. Em alguns sentidos, a pósmodernidade nada mais é que a percepção da falência da modernidade. A cosmovisão ateísta é insuficiente para proporcionar uma vida feliz e coerente. O ser humano não pode viver de modo coerente e feliz como se a vida no fim das contas não tivesse sentido, valor ou propósito. Se tentarmos viver de modo coerente dentro da cosmovisão ateísta, acabaremos profundamente infelizes. Se, porém, conseguirmos viver felizes, será apenas contradizendo nossa cosmovisão.

Confrontado com esse dilema, o ser humano procura pateticamente alguma escapatória. Num discurso marcante à Academia Americana para Desenvolvimento da Ciência, em 1991, o Dr. L. D. Rue, confrontado com o predicamento do homem moderno, defendeu corajosamente que enganemos a nós mesmos com alguma “Mentira Nobre” para que pensemos que nós e o universo ainda temos valor[14]. Ao afirmar que “a lição dos últimos dois séculos é que o intelectualismo e o relativismo moral são o problema”, o Dr. Rue especula que a conseqüência dessa constatação é que a busca da integralidade (ou realização) pessoal e a busca da coerência social se tornam independentes uma da outra. Isso é assim porque, em vista do relativismo, a busca da realização pessoal fica radicalmente individualizada: cada pessoa escolhe seu próprio conjunto de valores e significado. “Não existe uma explicação definitiva e objetiva do mundo ou da pessoa. Não existe um vocabulário universal para integrar cosmologia e moralidade.” Se quisermos evitar a “alternativa do hospício”, em que a realização pessoal é buscada à custa da coerência social, e a “alternativa totalitária”, em que a coerência social é imposta à custa da integralidade pessoal, não temos outra escolha senão adotar alguma Mentira Nobre que nos inspire a viver além dos interesses egoístas, para chegar à coerência social. Mentira Nobre “é aquela que nos engana, nos ilude, nos impele além do interesse próprio, além do ego, além de família, nação [e] raça”. E uma mentira porque nos diz que o universo é dotado de valor (o que é uma grande ficção), porque alega ser uma verdade universal (o que não existe) e porque me diz que não devo viver para os meus interesses (o que é obviamente falso). “Sem essas mentiras, no entanto, não conseguimos viver.”

Esse é o terrível veredicto pronunciado sobre o homem moderno. A fim de sobreviver, ele tem de viver enganando a si mesmo. Contudo, mesmo a alternativa da Mentira Nobre, no fim das contas, não funciona, porque, se o que eu disse até aqui está correto, a crença na Mentira Nobre seria necessária não apenas para atingir coerência social e integralidade pessoal para as massas, mas também para alcançar a própria integralidade pessoal. Isso porque ninguém pode viver de modo feliz e coerente com uma cosmovisão ateísta. A fim de sermos felizes, temos de crer em sentido, valor e propósito objetivos. Entretanto, como se pode crer nessas Mentiras Nobres e ao mesmo tempo crer em ateísmo e relativismo? Quanto mais convencido se estiver da necessidade de uma Mentira Nobre, menos se será capaz de crer nela. Como um placebo, uma Mentira Nobre funciona apenas para aqueles que acreditam que ela é a verdade. Uma vez que desmascaremos a ficção, a Mentira perde seu poder sobre nós. Assim, por ironia, a Mentira Nobre não pode solucionar o predicamento humano em todos aqueles que compreenderam esse predicamento.

A alternativa da Mentira Nobre, portanto, na melhor das hipóteses conduz a uma sociedade em que um grupo elitista de illuminati engana as massas em proveito próprio, perpetuando a Mentira Nobre. Mas por que os que estamos iluminados deveríamos seguir as massas em sua ilusão? Por que haveríamos de sacrificar o interesse próprio por uma ficção? Se a grande lição dos últimos dois séculos é o relativismo moral e intelectual, por que fingir (se pudéssemos) que não sabemos essa verdade e, em lugar disso, viver uma mentira? Se alguém responder: “Por amor à coerência social”, podemos legitimamente perguntar por que deveria eu sacrificar meu interesse social por amor à coerência social? A única resposta que o relativista pode dar é que a coerência social é do meu interesse – mas o problema com essa resposta é que o interesse próprio e o interesse do rebanho nem sempre coincidem. Além disso, se (por interesse próprio) eu me importo com a coerência social, a alternativa totalitária sempre está aberta para mim: esquecer a Mentira Nobre e manter a coerência social (assim como a minha realização pessoal) à custa da integralidade pessoal das massas. Gerações de líderes soviéticos que enalteciam virtudes proletárias enquanto circulavam em limusines e jantavam caviar em suas dachas ou casas de campo acharam essa alternativa bastante interessante. Rue sem dúvida consideraria essa alternativa repugnante. Mas nisso é que está o problema. O dilema de Rue é que ele obviamente valoriza tanto a coerência social quanto a integralidade pessoal por amor a ambas; em outras palavras, elas são valores objetivos, o que, de acordo com a sua filosofia, não existe. Ele já saltou para o andar superior. A alternativa da Mentira Nobre, portanto, afirma o que nega e refuta a si mesma.

O SUCESSO DO CRISTIANISMO BÍBLICO

Entretanto, se o ateísmo fracassa nesse aspecto, o que dizer do cristianismo bíblico? De acordo com a cosmovisão cristã, Deus existe, e por isso a vida do ser humano não termina no túmulo. No corpo ressurreto, o ser humano pode gozar da vida eterna em comunhão com Deus. O cristianismo bíblico, portanto, proporciona ao ser humano as duas condições necessárias para uma vida com sentido, valor e propósito: Deus e a imortalidade. Por causa disso, podemos viver de modo coerente e feliz. Assim, o cristianismo bíblico é bem sucedido exatamente onde o ateísmo fracassa.

CONCLUSÃO

Agora quero deixar claro que ainda não demonstrei que o cristianismo bíblico é verdadeiro. O que fiz foi enunciar claramente as alternativas. Se Deus não existe, a vida é inútil. Se o Deus da Bíblia existe, a vida tem sentido. Somente a segunda dessas duas alternativas nos possibilita viver felizes e coerentes. Por isso, parece-me que, mesmo que as evidências para essas duas alternativas fossem exatamente iguais, uma pessoa racional haveria de escolher o cristianismo bíblico. Parece-me positivamente irracional preferir morte, ausência de sentido e destruição em lugar de vida, sentido e felicidade. Como disse Pascal, não temos nada a perder e ganhamos o infinito.

Extraído do livro “A Veracidade da Fé Cristã”, William Lane Craig, Editora Vida Nova.

NOTAS

Kai NIELSEN, “Why should I be moral?”, em American Philosophical Quarterly 21 (1984): 90.

Paul KURTZ, Forbidden fruit. Buffalo/NY, Prometheus, 1988, p. 73.

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H. G. WELLS, The time machine. Nova York, Berkeley, 1957, cap. 11.

T S. ELIOT, “The hollow men”, em Collected poems 1909-1962. Nova York, Harcourt, Brace, Jovanovitch, Inc., 1934. Citado com permissão do editor.

W. E. HOCKING, Types ofphilosophy. Nova York, Scribner’s, 1959, p. 27.

Friedrich NIETZSCHE, “The gay science”, em The portable Nietzsche, ed. e trad. por W. Kaufmann. Nova York, Viking, 1954, p. 95.

Friedrich NIETZCHE, “The will to power”, trad. por W. Kaufmann, em Existentialism from Dostoyevsky to Sartre, 2″ ed. com introdução de W. Kaufmann. Nova York, New American Library, Meridian, 1975, p. 130-131.

Bertrand RUSSELL, “A free man’s worship”, em Why I am not a Christian, ed. por P Edwards. Nova York, Simon & Schuster, 1957, p. 107.

Bertrand RUSSELL, carta ao Observer, 6 de outubro de 1957.

Jean Paul SARTRE, “Portrait of the antisemite”, trad. por M. Guiggenheim, em Existentialism, p. 330.

Richard WURMBRAND, Tortured for Christ. Londres, Hodder & Stoughton, 1967, p. 34. 13. Ernst BLOCH, Das Prinzip Hoffnung, 2ª ed., 2 vols. Frankfurt, Suhrkamp, 1959, 2:360361.

Loyal D. RUE, “The saving grace of noble lies”, palestra para a American Academy for the Advancement of Science, em fevereiro de 1991.

Sobre o autor: Willian Lane Craig é doutor em filosofia pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e em teologia da Universidade de Munique, e atualmente é professor-pesquisador de filosofia na Escola de Teologia Talbot. É membro de nove sociedades de profissionais, entre as quais a Academia Americana de Religião, a Sociedade de Literatura Bíblica e a Associação Filosófica Americana, e escreve artigos para New Testament Studies, Journal for the Study of the New Testament, Journal of the American Scientific Affiliation, Gospel Perspectives, Philosophy e outras publicações acadêmicas. Escreveu vários livros, entre eles A Veracidade da Fé Cristã e Filosofia e Cosmovisão Cristã (em co-autoria), ambos publicados pela Editora Vida Nova.

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